Nove Cristãos Condenados na China por Distribuir Bíblias Não Autorizadas
Nove Cristãos Condenados na China por Distribuir Bíblias Não Autorizadas

Nove Cristãos Condenados na China por Distribuir Bíblias Não Autorizadas

Por Redação 13:37:17

Tribunal da Mongólia Interior impõe duras penas e multas milionárias por “operações comerciais ilegais” na distribuição de literatura cristã.

Nove cristãos são condenados na China por distribuir Bíblias fora dos canais oficiais. Penas de até quase cinco anos e multas elevadas marcam a crescente repressão religiosa no país.

Nove Cristãos Condenados na China por Distribuir Bíblias Não Autorizadas
Nove Cristãos Condenados na China por Distribuir Bíblias Não Autorizadas

Nove cristãos foram condenados na Região Autônoma da Mongólia Interior, no norte da China, sob a acusação de distribuírem Bíblias fora dos canais autorizados pelo governo. As sentenças, proferidas pelo Tribunal Distrital de Hohhot Huimin, variam entre um e quase cinco anos de prisão, acompanhadas de multas que totalizam até 1 milhão de yuans (aproximadamente US$ 137 mil).

O julgamento finalizou um processo que se estendia desde as prisões ocorridas em abril de 2021. De acordo com o portal Bitter Winter, que monitora as violações da liberdade religiosa na Ásia, os réus foram considerados culpados por “operações comerciais ilegais”.

O grupo distribuía Bíblias legalmente impressas em Nanquim, mas sem a intermediação das igrejas “permitidas” pelo Estado, operando através de uma igreja doméstica não registrada. A pena mais severa foi imposta a Wang Honglan, sentenciada a quatro anos e dez meses de prisão, além de uma multa de 1 milhão de yuans. Wang Jiale e Liu Minna receberam penas de quatro anos e seis meses de reclusão cada, e multas de 200 mil yuans (cerca de US$ 27.500). Yang Zhijun foi condenado a quatro anos e três meses de prisão, com uma multa de 150 mil yuans (aproximadamente US$ 20.500). Outros cinco membros – Ji Heying, Ji Guolong, Zhang Wang, Liu Wei e Li Chao – também foram sentenciados. Os quatro primeiros receberam penas de três anos de prisão e multas de 20 mil yuans (cerca de US$ 2.700), enquanto Li Chao foi condenado a um ano de prisão e multa de 5 mil yuans (aproximadamente US$ 685).

Lideranças Visadas

Ban Yanhong, identificada pelas autoridades como uma das líderes do grupo, foi julgada separadamente e condenada em abril de 2024 a cinco anos de prisão. Documentos do processo revelam que tanto ela quanto Wang Honglan já possuíam histórico de detenções por atividades religiosas não autorizadas. Wang teria cumprido anteriormente cinco anos de prisão e um ano em um campo de trabalho forçado.

Motivação Evangelística

Durante o julgamento, os réus declararam que sua intenção não era comercial. Eles relataram que adquiriam as Bíblias por 95% do valor de capa e as revendiam por 75%, com o objetivo de facilitar o acesso à Palavra de Deus como parte de sua missão evangelística. A organização International Christian Concern (ICC), que acompanha casos de perseguição religiosa globalmente, enfatizou que os envolvidos se recusaram a se submeter ao Movimento Patriótico das Três Autonomias, o órgão oficial que representa as igrejas protestantes sob a supervisão do Partido Comunista Chinês. Essa recusa, segundo a ICC, contribuiu para a repressão ao grupo.

Cinco dos condenados – Ji Heying, Ji Guolong, Zhang Wang, Liu Wei e Li Chao – já haviam cumprido parte ou a totalidade de suas penas em regime de prisão preventiva. A sentença foi formalmente datada de 20 de novembro de 2024, mas só foi comunicada às famílias no início de abril de 2025.

Novo Marco Regulatório para Atividades Religiosas

Este caso ocorre em um contexto mais amplo de endurecimento das políticas religiosas na China. A partir de 1º de maio de 2025, novas regulamentações entrarão em vigor, proibindo missionários estrangeiros de atuarem no país sem a autorização do governo. As regras foram anunciadas como parte de uma política de proteção à segurança nacional.

Segundo a Mission News Network, as novas medidas impedem que estrangeiros produzam, distribuam ou arrecadem doações com fins religiosos. Pregações públicas só serão permitidas mediante convite oficial de instituições previamente autorizadas e estarão sujeitas ao controle de conteúdo.

Essas medidas fazem parte do esforço de “sinicização” da religião, um termo usado pelas autoridades chinesas para descrever o alinhamento das expressões de fé aos valores e à liderança do Partido Comunista. Essa diretriz afeta especialmente igrejas não registradas e comunidades que se recusam a submeter sua doutrina e prática ao controle estatal.

A liberdade de proclamar a fé cristã tem sido historicamente limitada em regimes onde o Estado busca centralizar a autoridade sobre a sociedade civil. O apóstolo Paulo, ao escrever aos tessalonicenses, já advertia sobre tempos em que a verdade seria restringida: “Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado” (2 Tessalonicenses 2:7).

Nos dias atuais, muitos cristãos na China continuam reunindo-se em casas e ambientes privados, mesmo sob vigilância, demonstrando disposição em “obedecer a Deus antes que aos homens” (Atos 5:29). O caso dos nove cristãos condenados evidencia os desafios enfrentados por igrejas que se mantêm fora do sistema oficial, especialmente diante de uma estrutura legal cada vez mais restritiva.

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